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Paredão de abraços

Paredão de abraços

Os olhos brilhantes encaram a rua a todo momento, ansiosos para ver o rosto conhecido em meio a movimentação. Neste ano o típico paredão de acompanhantes dos alunos do Grupo 2 ficou espalhado pela rua principal, desfazendo a tradição de edições anteriores onde todos se reuniam atrás da fita amarela que demarca a área restrita para aqueles que não são vestibulandos. A medida que o sol foi sumindo a ansiedade começou a ganhar espaço.

Os pais de Murilo esperavam juntos pelo filho. A família é de Cachoeira do Sul e conta que trouxe ele para prestar o vestibular para o curso de Medicina. “Tem muito candidato, a relação candidato/vaga está em 77, está difícil. Amanhã vamos levar ele para outro vestibular”.

Também não é só de pais que o paredão é composto. Os professores de cursinhos preparatórios estão presentes, como é o caso do professor de Sociologia, Gustavo Arossi. O grupo trouxe mais de 400 vestibulandos de diferentes cidades do estado para prestar a prova na UPF. “Este é o primeiro vestibular do sul, e todo primeiro vestibular, sobretudo esse da metade do ano, é uma prova-teste. O aluno coloca em cheque o seu desempenho até agora”.

No caso deste cursinho os alunos chegavam e eram abraçados pelos colegas e companheiros, nenhum deles veio acompanhado dos pais. Gustavo relata que “os professores estão aí para dar este apoio ao estudante, para ser realmente um ombro amigo, acudir e abraçar. Porque é muito importante, principalmente com as famílias manter essa relação, a gente sabe que existe muito nervosismo”. A grande maioria dos estudantes do cursinho onde Arossi trabalha estão tentando uma vaga para medicina. O professor avalia que a pressão sob eles já é grande por estarem prestando vestibular, mas fazer prova para medicina aumenta esta pressão, especialmente pela grande concorrência. “A gente faz a figura de pai e de mãe, tio, avô e avó. Eles vão enxergar os profissionais esperando por eles, para dar esse alento e suporte”.

Gerson e Beatriz Valiati estavam abraçados e a todo momento checavam o fim da rua. O casal viajou por sete horas, de São Lourenço do Sul até chegar em Passo Fundo, para trazer o filho Ruggero, que faz o vestibular UPF pela segunda vez. Se imaginamos que o candidato de medicina estava agitado, seus pais contam que “ a verdade é que nós que estamos nervosos, ele estava tranquilo e estudando bastante. Também tentamos deixar ele tranquilo quanto a questão dos resultados”. Gerson e Beatriz sabem que o apoio da família é um ponto fundamental para o estudante que sonha em ingressar na faculdade.  Se dependesse desses pais, todos os alunos seriam recebidos com abraços de tirar o fôlego.

Para quebrar outra tradição neste ano a temperatura de 16ºc agradou a grande maioria de acompanhantes. O frio dos últimos dias passou longe da cidade nesse fim de tarde. A pequena multidão se aproximava cada vez mais da fita, a todo momento olhando para seus relógios na expectativa que os minutos passassem mais rapidamente. Os sorrisos grandes só aumentavam ao ver os alunos que, nos últimos metros, já apressavam o passo e suspiravam quase dramaticamente ao ultrapassar a linha amarela, encerrando de vez, mais um vestibular de inverno.

Sobre Amanda Veseloski

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