A fila da angústia

By on 17 de junho de 2020 in Especiais

Por Beatriz Fiorio, Camila Pellin, Letícia Vargas, Victor Ferreira. Acadêmicos de Jornalismo UPF

 

É raro encontrar alguém que goste de ficar esperando em uma fila de lotérica ou até mesmo de banco. Imagina ficar semanas ou meses em uma fila, é isso que acontece com quem precisa de uma doação de órgão. Além da grande quantidade de pessoas que precisam de um órgão e do reduzido número de doadores, é preciso contar com as prioridades e contratempos relacionados à compatibilidade entre doador e receptor.

 

O transplante de órgãos é um procedimento cirúrgico que consiste na reposição de um órgão (coração, fígado, pâncreas, pulmão, rim) ou tecido (medula óssea, ossos, córneas) de uma pessoa doente (receptor) por outro órgão ou tecido normal de um doador, vivo ou morto.

 

Segundo o Portal do Ministério da Saúde, o Brasil é referência mundial na área de transplantes e possui o maior sistema público de transplantes do mundo. Atualmente, cerca de 96% dos procedimentos de todo o País são financiados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Em números absolutos, o Brasil é o 2º maior transplantador do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.

 

O tempo de isquemia fria é o tempo máximo que cada órgão tem que ficar no gelo até ser transplantado. O card abaixo mostra o tempo de isquemia aceitável para cada órgão

Doador

Existem dois tipos de doador, o vivo e o falecido. Qualquer pessoa que concorde com o ato pode ser um doador vivo, desde que a atitude não prejudique sua própria saúde, podendo doar um dos rins, parte do fígado, parte da medula óssea ou parte do pulmão.

Neste caso, pela lei, é possível doar apenas para parentes até o quarto grau e cônjuges (não sendo parente, só é possível realizar a doação com autorização judicial). O segundo tipo é o doador falecido. São os pacientes com morte encefálica, e a família precisa dar o consentimento para acontecer a doação.

A fila de espera para conseguir um órgão é enorme. Segundo Amanda Justi, acadêmica de Medicina e bolsista do projeto ComSaúde, existem vários critérios para definir quem irá receber o órgão antes. Dependerá de qual órgão se trata, é feito escalas para o paciente e ele terá a classificação conforme a gravidade da lesão, qual doença ele tem ou se existem mais doenças além da que necessita um novo órgão, a idade do paciente tem influência também. Porém, se uma criança adquiriu uma doença fulminante de um dia para outro, o órgão poderá ir diretamente para ela se compatível. Quando chega a notícia que existe a possibilidade de transplante de um órgão, logo em seguida será feito testes de compatibilidade, exames de sangue e anticorpos, por exemplo.

A Amanda diz que muitas coisas mudaram desde que iniciou como bolsista no projeto. “Mudou muito a minha visão de humanização, conversa, sensibilização. A gente (médicos) faz muita coisa errada. Aquela história de empatia, não é se colocar no lugar da pessoa, é estar ali com a pessoa, do lado dela. Não é você ser um técnico perfeito, é se mostrar humano.”

O Jorge Santos, mais conhecido como Jorge Transplantado, que viveu 5 meses de sua vida esperando uma doação de um fígado compatível, contou como foi essa vivência. “Foi um processo muito angustiante. Eu estava internado porque estava com hemorragia, nenhum medicamento dava certo. Eu tinha Hepatite C e cada vez se tornava mais grave. Eu vi muitos que estavam lá há anos e torcia muito para que aparecesse algum órgão.” Seu Jorge trabalhava na área da saúde antes de ser transplantado e hoje vê a importância de mostrar, traduzir e explicar sobre a doação de órgãos. Segundo ele, o preconceito ainda é muito grande, existe falta de informações e conversa, principalmente dentro de casa.

 

 

 

 

 

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