Doação não é a cura, mas o tratamento

Os sentimos por trás da Doação de Órgãos, os extremos da alegria e da tristeza

MATÉRIA POR: AMANDA VESELOSKI E LUCAS SANTOS

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Doação, segundo o dicionário Aurélio, é um substantivo feminino e tem como significado: ato, processo ou efeito de doar alguma coisa. Essa “coisa” pode até ser um órgão humano. Quando se fala em cuidados pré e pós transplante, automaticamente, se pensa em cuidados físicos – uma alimentação saudável, consultas frequentes, descanso. Entretanto, uma parte muito importante, por vezes, acaba ficando de lado: a parte psicológica. O que sente uma pessoa que está a meses numa fila de espera? O que seus familiares enfrentam no momento em que recebem a notícia de um possível doador? A tensão psicológica está presente em todas as etapas e lados de um transplante. Da família do doador, a pessoa que faz a captação do órgão, aquele quem precisa da doação e de quem está próximo a ele. Tony Ubiratan Jardim, tem 52 anos, e era militar do exército até no dia em que recebeu a notícia de que precisava de um transplante de rim. Hoje, após 10 anos da ação cirúrgica, Tony continua com os cuidados necessários para que seu órgão continue lhe dando dias de vida. Confira a sua experiência na entrevista a seguir.

Jorge quer criar uma ONG para pessoas transplantadas  FOTO: AMANDA VESELOSKI

Jorge quer criar uma ONG para pessoas transplantadas
FOTO: AMANDA VESELOSKI

Segundo o Portal do Ministério da Saúde, estimava-se que no Brasil, no ano de 2018, fossem feitos 26,400 transplantes. Ainda segundo o mesmo site, o país é o número dois no mundo em transplantes, ficando atrás apenas dos Estados Unidos da América, mas é o primeiro quando se trata do maior sistema público de transplantes do mundo. Cerca de 95% dos transplantes são feitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Jorge Santos faz parte desses 95%, ele recebeu um transplante de rim em decorrência de uma hepatite. Todo o seu tratamento foi pelo SUS, “se hoje estou vivo foi por causa desse transplante. Eu nasci de novo e agradeço por isso”. Hoje em dia, alguns anos depois, ele faz a diferença em outras vidas. Jorge, o Transplantado, tenta criar uma ong para ajudar aqueles que precisam de uma doação – até lá, ele vai de porta em porta dando apoio e conforto aqueles que estão na situação que ele mesmo já esteve. Fabiana Dal Conte Buzatto, que atua na Organização Por Procura de Órgãos e Tecidos (OPO) do Hospital São Vicente de Paulo, de Passo Fundo, está do lado contrário. É ela quem faz a busca pelo órgãos e conversa com as famílias em busca de uma autorização para a doação. “As pessoas tem que ser preparadas para isso. Elas tem que ter muita empatia, afinal você já está recebendo uma pessoa doente então você tem que acolher essa família e esse doente da melhor forma. As pessoas (captores) são preparadas, recebem treinamento para fazer todo esse trabalho.”

Fabiana é formada em enfermagem e trabalha na OPO FOTO: Amanda Veseloski

Fabiana é formada em enfermagem e trabalha na OPO
FOTO: Amanda Veseloski

A negativa, infelizmente, vem em alguns casos. Muitos deles, segundo ela, é pela enxurrada de informações que a família recebe. “Então muitas vezes vemos as  pessoas falando que a família é egoísta e não, não é isso. As vezes aquela família quer tanto doar, mas que então pouco tempo ela não consegue falar o seu desejo. Porque ela é bombardeada de informação de todos os lados. Nós temos que ter o bom senso de trabalhar e acolher essa família e ir explicando, dar esse tempo para que ela pense e repense e entenda que seu familiar não vai mais voltar para casa, que ele está morto. Só aí você parte para a conversa com o familiar. “ É essencial que o receptor do órgão tenha um acompanhamento psicológico antes, durante e após o transplante. Afinal, além de ser um procedimento médico, são vidas que estão em riscos e serão mudadas para sempre. A OPO oferece esse acompanhamento gratuito e Bruna SOBRENOME, psicóloga, conta no áudio abaixo como é essa vivência:

Doação de Órgãos vai muito além de simplesmente retirar um órgão e dar para uma pessoa que precisa. Há muitas questões envolvidas nesse procedimento, mas sem dúvidas, como disse Tony “a doação não é uma cura, mas sim um tratamento”. Esse tratamento possibilita que milhares de pessoas possam ter uma segunda chance. Porém, para isso acontecer é preciso que a doação seja feita.
Como funciona a doação?
Pode-se doar até 5 órgãos, além de córneas, ossos e tecidos. Uma única doação pode salvar até oito vidas. Há dois tipos de doadores, as doações de pessoas falecidas e a doação de pessoas vivas. É importante entender que a doação total desses órgãos só pode ser feita por uma pessoa falecida.No primeiro caso é preciso que haja a autorização da família, no segundo caso não é preciso. Uma pessoa viva pode ser doador, desde que concorde e não prejudique a própria saúde, de parte dos rins, parte do fígado, parte do pulmão e parte da medula óssea .

INFOGRÁFICO CRIADO EM MAIO DE 2019 POR AMANDA VESELOSKI

INFOGRÁFICO CRIADO EM MAIO DE 2019 POR AMANDA VESELOSKI

Cada órgão tem seu tempo de isquemia, que é o tempo de vida do órgão desde o momento em que é retirado até ser transplantado em outra pessoa. O coração é de 4 horas, pulmão de 4 a 6 horas, rim 48 horas, fígado e pâncreas de 12 horas. Por isso, é necessário que a pessoa que esteja na fila de espera resida na mesma cidade de onde será feita a cirurgia. Converse com a sua família, seja um doador! Para mais informações, acesse: http://portalms.saude.gov.br/saude-de-a-z/doacao-de-orgaos

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About the Author: Acadêmica do VI nível de Jornalismo e bolsista do Programa de Extensão ComSaúde na área da Comunicação. .

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