Um “sim” que salva vidas

Beatrys do Carmo, Isadora Gerevini, Luísa Miorando e Thaís Cornelli Moreira

O que você sabe sobre doação de órgãos? Nós acadêmicas do 6º nível de Jornalismo da Universidade de Passo Fundo, ao longo da disciplina de Técnica de Entrevista, desenvolvemos uma reportagem sobre o tema, a partir de uma coletiva de imprensa realizada em aula. Para saber mais, ouça o áudio explicativo:

 

A esquerda: Professora Fabiana Beltrami, responsável pela disciplina de Técnica de Entrevista; Ao centro: Jorge Santos, transplantado há 4 anos; E a direita: Fabiana  Dal Conte Buzatto, enfermeira membro da Organização de Procura de Órgãos

A esquerda: Professora Fabiana Beltrami, responsável pela disciplina de Técnica de Entrevista; Ao centro: Jorge Santos, transplantado há 4 anos; E a direita: Fabiana Dal Conte Buzatto, enfermeira membro da Organização de Procura de Órgãos

O sim de uma família em um momento difícil pode ser decisivo na vida de muitas pessoas que estão na fila, a espera de um órgão. Foi a resposta positiva que salvou a vida de Tania Mara Freddo e Jorge Santos. Há 14 anos, Tania pôde ter sua vida renovada. “Tenho a sensação de que o meu doador nasceu para que eu desse continuidade e tivesse um pouco mais de vida”, pontua. A espera  que durou um ano, contou com muito apoio familiar, hospitalar e também muita atenção dos médicos. Hoje a paciente participa de grupos, faz ginástica e sente-se a mesma, porém com alguns cuidados. Evita bebidas alcoólicas, tabagismo e tem uma alimentação controlada. “Sou muito otimista e com o transplante não mudou nada em minha vida”, afirma.

Jorge compartilha dessa sensação há sete anos. A espera que durou três meses contou com o apoio da comissão de transplante desde o pré ao pós transplante. “No meu caso foi hepatite C, fiquei com o vírus no corpo, apesar de tirar o fígado. Em 2012 veio a medicação nova e fui o primeiro transplantado a fazer o tratamento. Hoje estou curado, depois do tratamento de três meses.” conta.

O acompanhamento foi feito por psicólogos, assistente social, enfermeiras e médicos. “É um apoio que ajuda a nos manter”, afirma. Jorge passou quatro meses numa casa de apoio, A Casa Acolhida em Passo Fundo, que recebia transplantados. O espaço que era ocupado por pessoas do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Minas Gerais, criou uma rede de amizades e trocas de  experiências com pessoas que estavam na mesma situação. Para ele, os transplantados acabavam virando uma família, onde cada um se preocupava com o outro.

Ele também destaca o importante papel que a família do doador desempenha, pois são eles os responsáveis pelo sim que poderá salvar vidas. “Agradeço principalmente a família doadora, que naquele momento difícil da perda do seu ente querido aceitou doar.”

A doação na visão do profissional

A doação pode ser entendida a partir de vários ângulos: a experiência do doador, da família que decide dizer sim a doação, do receptor e também, dos profissionais que atuam na área e convivem com isso diariamente. Em entrevista feita com a  enfermeira membro da Organização de Procura de Órgãos, Fabiana Dal Conte Buzatto, é possível entender um pouco mais sobre o assunto a partir da perspectiva do profissional, que esclarece algumas dúvidas que ainda impedem muitas pessoas de doar.

1. Você já presenciou casos onde alguém da família se negou a doar órgãos e depois mudou de ideia?

Fabiana: Sim. O caso de uma família do interior que disse não no primeiro momento mas, depois de alguns minutos a filha achou na carteira do pai que ele era doador de sangue, e assim resolveu doar os órgãos. É necessário dar tempo para família pensar, acolher essa família. A gente tem que tentar imaginar o que a família está passando, para melhorar o acolhimento, atenção e o cuidado.

2. Quanto tempo demora para perceber se o órgão foi rejeitado?

Fabiana: Podem ser questões de horas. Tive um paciente que recebeu um fígado e em questão de 24 a 48h ele começou a dar sinais de que algo estava errado.

3. Já aconteceu de algum paciente precisar de transplante e se negar a fazer tratamento?

Fabiana: Sim, principalmente renal. Muitos preferem ficar na hemodiálise, três vezes na semana.

4. Há campanhas de conscientização para os profissionais continuarem desenvolvendo um bom atendimento e acolhimento?

Fabiana: É uma coisa que a gente tenta trabalhar mas que ainda há bastante dificuldade.

5. Como é feito o descarte dos órgãos que são rejeitados pelo paciente?

Fabiana: O descarte é feito através da incineração. É explicado porque o órgão foi descartado, o motivo principal,  para que assim o paciente volte a fila e consiga um novo transplante.

Fabiana ainda destaca que eles não recebem apenas do Rio Grande do Sul mas que existe uma oferta nacional. Assim como recebem órgãos de outros estados, ofertam para outros estados também. Se o paciente está listado como urgência máxima, recebe com mais facilidade.

 

Lista de espera por tranplante em 2018

Dados oficias das Secretárias de Saúde dos estados do Sul do país (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul).  Infográfico:  Luísa Miorando.

Há 18 anos Valdecir Grison, teve a sensação de renascer. Confira no vídeo abaixo como a iniciativa de doar órgãos é essencial para salvar vidas, assim como foi o caso de Valdecir.

Ao término desta reportagem conhecemos uma realidade que muitos vivenciam, mas que não é devidamente mostrada a sociedade. Desta forma compreendemos que as campanhas de doação de órgãos devem ser amplamente trabalhadas e divulgadas, com objetivo de engajar um maior número de futuros doadores, salvando assim muitas vidas.

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