Três dias de diversão e autocuidado
Se você tem diabetes ou conhece alguém que convive com ela, você sabe da importância do autocuidado para o controle da doença. A adoção de medidas saudáveis e o uso de técnicas como a contagem de carboidratos e a medição dos níveis de glicose facilitam a convivência com o diabetes. Com a proposta de promover esse autocuidado através de atividades lúdicas e a troca de experiências, a terceira edição do Acampamento da Criança com Diabetes aconteceu, de 12 a 15 de novembro, na Universidade de Passo Fundo.
A iniciativa, que alerta sobre a doença e leva informações para toda a comunidade, teve sua primeira edição em maio do ano passado e reuniu cerca de 15 crianças com diabetes. Antonio Scussel, de 9 anos, foi um deles. Segundo a mãe, Arlete Scussel, o Acampamento faz com que as crianças percebam que podem brincar e se divertir como qualquer outra criança, desde que tenham autocuidado. “O Antônio pode fazer e comer o que quiser de forma controlada. A única coisa que difere ele das crianças que não têm diabetes é o uso da insulina”, diz ela, que também leva a filha Giovana, que não tem diabetes, ao Acampamento.
Mas, nem sempre a relação da família de Antônio com a doença foi tranquila. Quando descobriu que o filho tinha diabetes, Arlete, assim como todos os pais que passam pela mesma situação, perdeu o chão. “Foi um susto porque todo mundo vê a doença pelo lado ruim. Depois do contato com médicos e nutricionistas, a gente percebe que existem doenças piores, que não têm tratamento e causam sequelas graves”, relata.
Agora, após cinco anos de convivência com o diabetes, Antônio e a família enxergam a doença como uma oportunidade de mudança. “Optamos por alimentos integrais e evitamos o excesso de sal e açúcar, por exemplo. Temos hábitos que todas a pessoas, com diabetes ou não, deveriam adotar para ter qualidade de vida”, comenta Arlete.
O estimulo destes hábitos saudáveis fazem parte da programação do Acampamento, que se transformou em um projeto permanente de cuidado à criança com diabete, de acordo com a coordenadora do projeto pela Universidade de Passo Fundo, professora Cristiane Barelli. Segundo ela, uma das coisas mais importantes do Acampamento é o vínculo estabelecido entre as crianças, familiares e organizadores. “Com apenas duas edições e dois encontros, pudemos transpor esse momento para eventos sistemáticos e avançar na perspectiva de um projeto permanente de cuidado a criança e adolescente com diabetes”, ressalta ela.
Para a professora, o projeto permite a aproximação entre diferentes cursos da Universidade, profissionais e instituições, a partir de problemas concretos do cotidiano das crianças com diabetes. “São dias intensos, mas de muito aprendizado, a partir do convívio e da troca de experiencias e saberes, fonte importante de conhecimento e formação acadêmica e cidadã”, diz.
A terceira edição do acampamento foi promovido pelo Lions Club, Universidade de Passo Fundo, Hospital São Vicente de Paulo e Grupo Escoteiro Maragatos, com apoio do Ministério Público Federal.
Números da doença
A diabetes é uma doença crônica, que atinge 382 milhões de pessoas em todo o planeta, de acordo com os dados da Federação Internacional de Diabetes. Segundo estimativas da entidade, em 2035, esse número deverá chegar a 592 milhões. No Brasil, dos portadores, um milhão são crianças, de acordo com a Associação de Diabetes Juvenil, e a estimativa é de que 7,8 casos, em cada 100 mil serão de pessoas com menos de 20 anos.
Corrida
Com a proposta de promover o autocuidado, a 2ª Corrida e Caminhada para vencer o Diabetes, promovida pelo HSVP, também integrou a programação do Acampamento e contou com a participação das crianças, pais e voluntários.
Texto: Eduarda Ricci Perin/Jornal Diário da Manhã
Fotos: Gerson Soares