Doar sangue é reconstruir sorrisos
Por Silvia Elizabeth Ruiz Díaz, Eliziana Schulz Glitz e Thaíse Ribeiro de Chaves, acadêmicas do 6 º do Curso de Jornalismo, disciplina de Técnica de Entrevista orientada pela profª Fabiana Beltrami
Foi por acreditar no poder da solidariedade que, há 25 anos, Emerson Panke se tornou um doador de sangue. Ele começou doando para colaborar com o familiar de um amigo, mas compreendeu a real importância quando o próprio pai necessitou de ajuda. “Eu vi a dificuldade de conseguir pessoas que estejam qualificadas, pois muitos contribuem, porém, alguns não são aprovados na triagem e o número de doares se torna escasso”, conta Emerson.
O gesto solidário também faz parte do cotidiano da Eni Glitz, doadora de sangue há oito anos. A motivação inicial foi para ajudar um amigo com leucemia e foi ajudando o próximo, que Eni descobriu, no teste feito no sangue antes de doar, que tinha ferritina alta. Agora, ela doa a cada três meses para amenizar o problema. Assim, além de contribuir com a própria saúde, acaba ajudando e salvando outras vidas.
Noutro ponto, de acordo com um levantamento feito pela ANVISA, Agência Nacional de Vigilância Sanitária, 30% dos entrevistados ainda não doam sangue. O motivo? Medo. Para compreender a veracidade deste dado criamos uma enquete onde 42 pessoas participaram. 54% dos entrevistados afirmaram que nunca doaram sangue por medo de passar mal, por falta de informação ou por falta de tempo. Além disso, o medo de agulha, conhecido cientificamente como aicmofobia, prejudica o procedimento da doação e traz outras dificuldades em atividades rotineiras, como a vacinação. Outro fator que compromete a doação é o medo de sangue, o transtorno de hematofobia, que em casos avançados pode criar barreiras como a dificuldade de realizar exames sanguíneos.
Mitos sobre doação de sangue
Os mitos em torno da doação de sangue também perturbam a rotina de muitas pessoas. O receio de contrair alguma doença ou até perder parte do sangue do corpo são exemplos clássicos. De acordo com a assistente social da Hemoterapia do Hospital São Vicente de Paulo, Larissa Schons, quando o medo ultrapassa as barreiras do comum e se torna algo mais grave, faz com que a pessoa não seja indicada para a doação, “Para essa pessoa vai ser melhor se ela conscientizar e indicar outras pessoas, se ela tem problema de saúde ela não pode doar, mas pode contribuir sensibilizando novos doadores”, comenta.
Outra questão não aconselhável para doação é quando alguém quer doar para parentes ou amigos por dever, “Muitas vezes essa pessoa vai doar não porque tirou o dia para salvar vidas, mas porque se sente na obrigação. Então, a mesma pode estar nervosa, pensa que necessita doar de qualquer maneira e acaba omitindo informações, não contribuindo para uma doação saudável”, comenta Larissa. Diante desta realidade conturbada por mitos e incertezas, Larissa garante que a falta de informação sobre o assunto precisa avançar, “O fato de estar doando sangue, doando vida e tempo para ir ajudar as pessoas são coisas que devem ser trabalhadas cada vez mais através da sensibilização.” Para a doação de sangue ter um caminho diferente, de esperança, o HSVP realiza projetos como a “Semana do Doador de Sangue” que busca conscientizar a doação e acabar com os mitos e inseguranças que impedem de reconstruir sorrisos, a semana ocorre de 22 à 27 de novembro.
A baixo, você pode acompanhar o infográfico sobre o sangue, feito pelo site G1.
Saiba como doar
Para doar sangue basta ter boas condições de saúde e pesar, no mínimo, 50 quilos. É necessário ter entre 16 e 69 anos e menor de idade precisa de autorização e estar acompanhados por um responsável. Quem passou por exames endoscópios precisa aguardar seis meses e no caso de quem fez tatuagem ou piercing, o recomendável é aguardar doze meses.
Em Passo Fundo, a doação pode ser feita através do serviço de hemoterapia do HSVP. Lá, uma equipe multidisciplinar (formada por médicos, hematologistas e hemoterapeutas, enfermeiros, técnicos de enfermagem, biólogos, bioquímico-farmacêuticos, biomédicos, assistente social, auxiliares de banco de sangue, pessoal administrativo e técnicas de nutrição) estará à disposição para auxiliar no processo de doação. O atendimento funciona de segunda a sexta, das 8h às 15h, sem fechar ao meio dia. Para novas informações basta ligar no número 54 3316-4087. Além disso, é importante lembrar que no HSVP podem doar apenas maiores de 18 anos, conforme política do hospital. Outro ponto de doação é o Hemocentro Regional de Passo Fundo. O horário de atendimento é de segunda a sexta, das 8h às 13h30min, e aos sábados, das 7h às 11h, com agendamento pelo telefone 54 3311-1427.
Para Emerson, citado no início da reportagem, essa reflexão o provoca a continuar: “Cada vez que estou doando lembro-me dos meus filhos e agradeço por terem saúde. Imaginar que posso estar ajudando o filho de alguém é gratificante! O ato de doar pode ser o melhor apoio que uma família recebe quando necessita de ajuda.” E você, tem algum motivo para não ser um doador?